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Nosso jogo

Nosso campeonato começou em 2005, numa quadra retangular, tamanho oficial. A quadra tinha tantas direções e sentidos que, como em qualquer campeonato, com tanta gente, placares (empates, derrotas, vitórias) nos cruzamos inúmeras vezes pelos estádios, mas nunca num jogo.

Cruzamos alguns olhares velados, e sensações incertas de interesse, porém o placar sempre foi 0x0.

Eu, uma função J(x) e você, uma função A(x). Nossas funções percorriam suas trajetórias, e houve um momento em que a probabilidade do encontro já não era nula, as chances acredito estavam em torno de 70% de acontecer.

Individualmente talvez nos questionássemos se as funções eu, J(x) e você, A(x) haveriam de se encontrar, e exatamente em que posição, medida em km e em qual posição, marcada em horas aconteceria o inesperado 1º encontro.

E, somente no campeonato de 2019, já numa semifinal onde, você na posição de goleiro e eu de atacante, as funções eu [J(x)] e você [A(x)] traçaram finalmente juntos a trajetória do campeonato do ano.

Foi exatamente no km 407 da linha de campo conhecida como Avenida Maricá, às 20:00 h que finalmente o encontro ocorreu.

Naquele momento inusitado, dividindo a bola, ou seria esfera? Não sei! Que então caí no seu colo como uma fração (inteira, inversa, própria, imprópria) de modo totalmente acolhedor. Nossa respiração descreveu uma senoide que, mesmo de período constante, foi intensa. A partir de então, as funções eu, J(x) e você, A(x) passaram a ter trajetórias coincidentes e alternadas.

E, naquele momento, onde eu desejava ser infinito, o juiz apitou o final da partida, que de placar incerto, não se sabe se quem ganhou foi eu ou foi você.

Passaram-se 10 dias, de uma saudade avassaladora, alternando estágios de letargia e algumas noites em claro, com o pensamento em você. Então...

Desejo hoje, após o encontro das funções eu, J(x) e você, A(x), que a função N(x), que a função nós, N(x) seja par, convergente, contínua, crescente, infinita e, inacreditavelmente surpreendente a cada suspiro que eu retirar de você.

Que possamos somar forças, subtraírmos a tradução de cada olhar silencioso e sedutor trocado. Que multipliquemos o amor, a vida, a alegria e que, possamos juntos dividir a gratidão pela oportunidade que a vida está nos proporcionando.

E...a análise tática do jogo e a análise matemática nos leva a um impasse para a grande final: você aceita a namorar comigo?

June Cunha de Araujo

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Como referenciar: "Nosso jogo" em Só Matemática. Virtuous Tecnologia da Informação, 1998-2024. Consultado em 27/04/2024 às 01:21. Disponível na Internet em https://www.somatematica.com.br/poemas/p109.php

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