Educação Financeira: uma Formação para a Vida (pagina 3)
Educação financeira na formação inicial
Domingos (2011) baseia-se na metodologia DSOP, que significa Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar, a qual pode ser aplicada por famílias e escolas para estimular crianças e jovens a identificarem seus sonhos de curto, médio e longo prazo, ensiná-los a investigar quanto custam os seus sonhos e, junto com os pais calcular quanto seria necessário reservar por semana, mês ou ano para que o sonho possa ser realizado.
Domingos (2015) explica que as crianças são muito observadoras e cedo começam a perceber que o dinheiro tem uma força. Frequentemente elas veem os adultos entregarem dinheiro, cartões, cheques em vários locais em troca de mercadorias, ou seja, observam que troca-se dinheiro por coisas. Ao mesmo tempo crianças e jovens estão expostos às mensagens publicitárias que estimulam o desejo de ter. São duas forças importantes que movimentam a sociedade e, portanto, precisam ser bem compreendidas.
Os pais e/ou familiares têm papel fundamental na educação financeira. É através deles que o assunto dinheiro será inserido na rotina das crianças. A maioria das crianças e adolescentes não percebem a real importância de orçar, poupar e planejar, por não vivenciar este assunto na rotina familiar, ou seja, não sabem relacionar a gestão financeira com suas atividades do dia a dia.
Uma das maneiras dos pais inserirem consciência financeira aos filhos, se dá através da mesada, a qual pode fazer parte do processo educativo, ajudando a formar a personalidade financeira. O processo de conscientização financeira é longo e necessita que pais, familiares e escolas estejam envolvidos e comprometidos a colocar a educação financeira em pequenas atitudes do cotidiano, cientes que estas podem acarretar numa melhoria continua na vida das crianças e dos adolescentes (COELHO, 2014, p.33. BUENO, 2010, p.45. SOUZA, 2012, p.28).
A educação financeira é um método que permite as pessoas o desenvolvimento de habilidades e competências para realização de investimentos seguros e lucrativos, proporcionando melhoria de vida e proteção financeira contra gastos imprevistos, deve ser iniciada o quanto antes.
Jovens que tiveram uma educação financeira deficitária e não possuem a compreensão do aumento exponencial dos juros compostos, possuem cartão de crédito sem o preparo para enfrentar um mundo que dá mais importância ao consumo do que à poupança. A cada fase da vida, as crianças e os adolescentes percebem o dinheiro de maneiras diferentes conforme apresenta o quadro 1.
Quadro 1 - A percepção do dinheiro na infância e adolescência |
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Idade da criança |
Principais características comportamentais |
Papel dos pais |
De 0 a 2 anos de idade |
Os desejos não estão associados ao dinheiro, mas o interesse pelas atitudes dos pais é intenso e crescente. |
Dar o exemplo através de suas atitudes, que serão certamente copiadas pelos filhos. |
De 3 a 4 anos de idade |
A realização dos desejos é associada ao ato de comprar, que depende essencialmente da vontade e do dinheiro dos pais. |
Evitar banalizar o consumo e estabelecer regras para o dinheiro, como limites orçamentários e datas para celebrações e presentes. |
De 5 a 6 anos de idade |
Percepção de que é possível interagir com estranhos sem a intervenção de adultos. |
Cultivar a independência, permitir aos filhos que interajam com vendedores e manipulem dinheiro em compras pequenas. |
De 7 a 10 anos de idade |
Percepção de papéis sociais e quantificação de valores, com o aprendizado da matemática. |
Conversar sobre dinheiro, trabalho, sustento da família, objetivo dos estudos e escolha da profissão. |
De 11 a 14 anos de idade |
Percepção das responsabilidades e primeiros conflitos típicos da adolescência. |
Cultivar a liberdade, com a prática da mesada ou da oferta de recursos de uso livre pelos filhos. Incluir os filhos nas tarefas de organização financeira familiar. |
Acima de 15 anos de idade |
Necessidade de assumir papéis típicos de adultos. |
Conversar sobre temas relacionados a administração pessoal, uso de bancos, incentivos maiores a formação de poupança e desejos versus investimentos necessários. |
Fonte: (KRUMMENAUER, 2011, p. 39)
Chizzoni (2012) considera que muito da habilidade de lidar com finanças, tanto na infância, quanto na vida adulta, depende de sermos capazes de diferenciar o “eu quero” do “eu preciso” e isso pode ser aprendido através da família e da escola.
Estudar é fundamental para expandir a inteligência financeira, mas poucos o fazem, por ser um ato solitário, que exige tempo, recolhimento, paciência e disciplina, entretanto existem outras formas de estudar além das tradicionais e até um caboclo do interior pode criar uma teoria financeira que faça sentido, isso explica os ricos empreendedores de sucesso com baixa formação escolar e os pobres assalariados com pós graduação (MARTINS, 2004, p. 94).