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Matemática: o processo de ensino-aprendizagem - parte 2

As dificuldades encontradas por alunos e professores no processo ensino-aprendizagem da matemática são muitas e conhecidas, por um lado, o aluno não consegue entender a matemática que a escola lhe ensina, muitas vezes é reprovado nesta disciplina, ou então, mesmo que aprovado, sente dificuldades em fazer relações com o dia a dia daquilo que a escola lhe ensinou, em síntese, não consegue efetivamente ter acesso a esse saber de fundamental importância.

O professor, por outro lado, consciente de que não consegue alcançar resultados satisfatórios junto aos alunos, e tendo dificuldades de, por si só, repensarem satisfatoriamente seu fazer pedagógico procuram novos elementos - muitas vezes, meras receitas de como ensinar determinados conteúdos - que, acreditam que possam melhorar este quadro. Uma evidência disso é, positivamente, a participação cada vez mais crescente de professores nos encontros, conferências ou cursos. São nestes eventos que se percebe o interesse dos professores pelos materiais didáticos e pelas atividades lúdicas do tipo jogos e brincadeiras. Parecem encontrar nos nesses materiais e estratégias didáticas a solução, a fórmula mágica para os problemas que vêem enfrentando no cotidiano escolar.

O material didático da área de Matemática utilizado no curso de Pedagogia para Formação de Professores das Séries Iniciais do Ensino Fundamental: Contactos Matemáticos do Primeiro Grau nos ajudaram a construir novos conceitos e ideias sobre a Matemática e, principalmente, nos ajudaram a escolher a maneira correta de facilitar o processo de ensino-aprendizagem dos alunos.

Nossas reflexões foram fundamentadas nos 9 (nove) fascículos Contactos Matemáticos do Primeiro Grau de Reginaldo Nunes de Souza Lima e Maria do Carmo Vila. Os conteúdos matemáticos abordados neste material didático estão relacionados com o currículo dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Para sugerir como ensinar esses conteúdos de modo que eles não sejam traumáticos para os alunos.

Nesse contexto, nosso trabalho se divide em momentos. No primeiro, abordaremos os assuntos: Inteligências Múltiplas e Raciocínio Lógico-Matemático; no segundo, discutiremos como se dá o inicio do processo de contagem na criança e o ensino de Geometria; no terceiro, trataremos sobre a importância da iniciação da Estatística nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

1 A construção do raciocínio lógico-matemático

1.1 As Inteligências Múltiplas de Howard Gardner

Os tempos modernos, as psicologias de aprendizagem e as filosofias de educação nos levaram ao binômio: ensino implica em aprendizagem, e nos fizeram crer que ensinar implica em fazer alguém aprender. Porém, sem compreensão e esforço próprio não há aprendizagem. A compreensão não nasce da explicação do professor, assim como o esforço não pode ser por ele dado ao aluno. A compreensão brota da maturidade, do mesmo modo que o esforço surge do interesse.

Podemos definir inteligência como a capacidade de resolver problemas, compreender ideias, interpretar informações transformando-as em conhecimento e, também, a capacidade de criar. Constitui um componente biopsicológico que difere o ser humano de outras espécies animais.

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Durante muitos anos a descoberta do funcionamento da mente constituía-se em um desafio para a neurologia. Observar o cérebro humano em ação era impossível em uma pessoa viva e essa dificuldade gerava uma série de hipóteses sobre o pensamento, consciência, memória e naturalmente, inteligência.

Da minha perspectiva, a essência da teoria é respeitar as muitas diferenças entre as pessoas, as múltiplas variações em suas maneiras de aprender, os vários modos pelos quais elas podem ser avaliadas, e o número quase infinito de maneiras pelas quais elas podem deixar uma marca no mundo. (Gardner)

Depois de quase duas décadas de tentativas de estudiosos para se decifrar o enigma inteligência, Howard Gardner a conceitua de modo mais refinado como sendo o potencial biopsicológico que processa informações, diz ele que esse potencial pode ser ativado num cenário cultural com a finalidade de solucionar problemas ou criar pontos que se valorize uma cultura. Assim, Gardner defende que a inteligência humana não é única; mas oito ou nove. São elas: linguística, lógico-matemática, espacial, musical, sinestésica, interpessoal, natural, intrapessoal e espiritual (ainda em estudo).

Postula que essas competências intelectuais são relativamente independentes, têm sua origem e limites genéticos próprios e substratos neuroanatômicos específicos e dispõem de processos cognitivos próprios. Segundo ele, os seres humanos dispõem de graus variados de cada uma das inteligências e maneiras diferentes com que elas se combinam e organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais para resolver problemas e criar produtos. Gardner ressalta que, embora estas inteligências sejam, até certo ponto, independentes uma das outras, elas raramente funcionam isoladamente. Por exemplo, um cirurgião necessita da acuidade da inteligência espacial combinada com a destreza da cinestésica.

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Como referenciar: "Matemática: o processo de ensino-aprendizagem" em Só Matemática. Virtuous Tecnologia da Informação, 1998-2024. Consultado em 20/04/2024 às 07:25. Disponível na Internet em https://www.somatematica.com.br/artigos/a32/p2.php

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