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Cotidiano do aluno vs. educação matemática: o cartun invade a sala de aula

Adriano Beluco

Resumo

Este artigo pretende evidenciar as potencialidades da exploração de fatores do cotidiano do aluno na sala de aula. A partir dos meios de comunicação de massa, mais especificamente os cartuns, é possível utilizar o argumento matemático para a formação da consciência crítica, priorizando não só a construção de conhecimento dos alunos, como também a formação da personalidade.

A educação matemática se preocupa, principalmente, em buscar novas formas de proporcionar aos alunos uma melhor compreensão da disciplina, seja através da história, da informática, ou mesmo da etnomatemática, citando apenas algumas abordagens.

Outra forma de construir uma educação matemática é partindo do cotidiano do aluno. Conhecendo a sua forma de pensar, sabendo o que lhe atrai a atenção quando não está na escola. Rosseau, citado por Abraão (1977) já advertia que "...o educador deve conhecer a criança."

Pesquisas feitas com alunos do ensino fundamental e médio mostraram que as atividades que lhes atraíam a atenção se resumiam à televisão (ganhando espaço com o advento da TV a cabo), vídeo-games, internet, leitura de jornais (seção de esportes, quadrinhos e entretenimento) e revistas. É interessante perceber que as preferências desses jovens, em grande parte, são constituídas por atividades ligadas aos meios de comunicação de massas, agentes que possuem o poder da mensagem (Beluco, 1998). E, por serem meios tão influentes, geram preocupações do ponto de vista pedagógico. Afinal, muitos artigos de jornais ou revistas têm base histórica ou geográfica, ou ainda, gráficos e tabelas que, se mal construídas, podem distorcer os fatos. Com freqüência, nos deparamos com cartuns que contêm argumentos de base histórica, social, geográfica e, até mesmo, matemática. Portanto, há um vasto universo a ser explorado em sala de aula.

Como não poderia deixar de ser, a minha atenção se voltou para esses cartuns que continham argumentos matemáticos, motivado pela minha experiência pessoal.

A seguir, utilizarei alguns para exemplificar. Logo abaixo podemos ver um exemplo de cartun, retirado de periódicos, cujo argumento está baseado na reprodução de coelhos. Não raro crianças do ensino fundamental se deparam com situações do cotidiano em que necessitam de um pré-conhecimento para a interpretação do que lhes é apresentado.

Dois fatos são importantes para a compreensão do cartun: primeiramente, conhecer a predisposição biológica dos coelhos para a reprodução e, em seguida, entender a forma de raciocínio para o cálculo estimado do número de coelhos, em função do tempo, a partir do cruzamento de um casal de coelhos e seus filhotes.

A preocupação principal, referente à utilização dos cartuns em sala de aula, é proveniente de um mecanismo básico de aprendizagem em relação aos meios de comunicação, denominado identificação projetiva. Ou seja, no momento em que a criança (ou mesmo) está lendo um cartum, está aprendendo os conceitos que foram utilizados para a sua construção, ao mesmo tempo em que está se divertindo.

Figura 1. Matemática Animal. Bound  e Gagged by Danna Summers. Copyright 1991. Cartoon extraído do site www.csun.edu/~hcmth014/comicfiles em 12/05/98.

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Como referenciar: "O cartun invade a sala de aula" em Só Matemática. Virtuous Tecnologia da Informação, 1998-2024. Consultado em 23/04/2024 às 17:30. Disponível na Internet em https://www.somatematica.com.br/artigos/a2/

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