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Iniciação matemática para portadores de deficiências mentais - parte 5

Área Cognitiva

As crianças com deficiência mental apresentam dificuldades na aprendizagem de conceitos abstratos, em focar a atenção. Ao nível da memória, tendem a esquecer mais depressa que os seus colegas sem necessidades educativas especiais. Demonstram dificuldades na resolução de problemas e em generalizar para situações novas a informação apreendida, conseguem, no entanto, generalizar situações específicas utilizando um conjunto de regras.

Podem atingir os mesmos objetivos escolares que os seus colegas sem necessidades educativas especiais até certo ponto, mas de uma forma mais lenta.

Área da Comunicação

Apesar de podermos comunicar com os nossos pares de muitas e variadas formas, é através da Linguagem falada e escrita que geralmente o fazemos. Comunicamos por meio de signos, a que Vygotsky tanta importância dá, pelo seu papel de ponte entre o Pensamento e a Linguagem na medida em que este é recriado e transformado por aquela (Rivière, 1988, citado em Martins, 1997). Para além da sua função social e comunicativa, a Linguagem desempenha um papel de suma importância como instrumento do pensamento ao serviço da resolução de problemas cognitivos, na planificação e regulação da conduta (Carretero e Madruga, 1984 ). É através da linguagem que nos apropriamos da Cultura e interagimos socialmente. Aqui as crianças com deficiência mental apresentam muitas vezes dificuldades. Quer ao nível da fala e sua compreensão, quer no ajustamento social. Sabendo-se que os estímulos ambientais são fundamentais ao desenvolvimento do indivíduo ( Hallahan e Kauffman, 1997 ), estes problemas poderão ser, se não causa, um fator a considerar como grande influência no desempenho das crianças com deficiência mental.

Área Sócio Educacional

Como já foi dito demonstram dificuldades na generalização para novas situações, de aquisições e comportamentos anteriormente experimentados, assim como nas interações sociais, pelo que assume capital importância o desenvolvimento desta área para uma real e efetiva inserção na sociedade.

A discrepância entre as idades mental e cronológica provoca uma diminuição das capacidades para interagir socialmente, o que é sem dúvida, agravado pelo fato de muitas das vezes estas crianças serem vistas apenas de acordo com a sua idade mental e não em relação à sua idade cronológica e colocadas fora dos grupos da sua faixa etária. No entanto é através da interação com os seus pares da mesma idade, participando nas mesmas atividades, que aprendem os comportamentos, valores e atitudes apropriados à sua idade.

A aprendizagem de competências sociais é, pois, fundamental para as crianças com deficiência mental com vista à sua inclusão quer no ambiente escolar, quer na sociedade.

Educação de crianças com deficiência mental

Atendendo à necessidade de o ensino ser encarado numa perspectiva individualizada, por forma a melhor servir as necessidades próprias de cada criança, não podemos afirmar que existam "receitas" específicas para o trabalho com alunos portadores de deficiência mental. No entanto, analisando as características gerais comuns a estas crianças, podemos enunciar alguns princípios educativos a ter em conta durante a programação e implementação desta, junto a estes alunos.

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As aprendizagens processam-se de uma forma lenta pelo que é importante focarmos a atenção apenas nos objetivos que realmente queremos ensinar, criar situações de aprendizagem positivas e significativas, preferencialmente nos ambientes naturais do aluno e de uma forma o mais concreta possível, para que este se sinta motivado e com predisposição para aprender. Tendo em conta as dificuldades destas crianças em efetuar a aquisição de conceitos abstratos bem como generalizar e transferir os comportamentos e aprendizagens adquiridos para novas situações, é necessário que estas aquisições se processem nos contextos e situações o mais variado e naturais possível.

Outro fator a ter em conta é a necessidade de dividir as tarefas em conjuntos de subtarefas mais simples, de forma a graduar a dificuldade das aquisições tornando-a mais acessível e positiva, tendo sempre em mente que o sucesso gera sucesso e o insucesso sucessivo gera desmotivação, recusa de novas aprendizagens e mais insucesso, criando uma baixa auto-estima, logo uma pessoa infeliz para quem a escola passa a ser um penoso fardo a carregar todos os dias. (Texto eletrônico, Eric Digest E528, 1994)

Tendo sempre em mente que todas as aprendizagens têm como objetivo principal a facilitação da vida futura numa perspectiva funcional, ou seja permitir uma inclusão e participação ativa e válida na vida em sociedade visando sempre uma progressiva autonomia do indivíduo, podemos concluir da necessidade de uma significância eminentemente prática destas aprendizagens.

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Como referenciar: "Iniciação matemática para portadores de deficiências mentais" em Só Matemática. Virtuous Tecnologia da Informação, 1998-2024. Consultado em 19/05/2024 às 07:39. Disponível na Internet em https://www.somatematica.com.br/artigos/a15/p5.php

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