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Iniciação matemática para portadores de deficiências mentais - parte 4

3. Deficientes Mentais Graves/Profundos

Muitas crianças, grave e profundamente retardadas, têm deficiências múltiplas que muitas vezes interferem nos procedimentos normais. Por exemplo, além de ser deficiente mental, a criança pode ter paralisia cerebral ou perda auditiva. O objetivo do treinamento de uma criança tão gravemente deficiente limita-se ao estabelecimento de algum nível de adaptação social em um ambiente controlado.

• Vejamos uma tabela que sintetiza os níveis de deficiência mental:

Educável
Treinável
Grave/Profundo
Etiologia Predominantemente considerada uma combinação do fator genético, com más condições econômicas e sociais. Grande variedade de problemas ou distúrbios neurológicos glandulares ou metabólicos, que podem resultar em retardo grave ou moderado. Grande variedade de problemas ou distúrbios neurológicos glandulares ou metabólicos, que podem resultar em retardo grave ou moderado.
Prevalência Aproximadamente 10 em cada 1000 pessoas. Aproximadamente 2 a 3 em cada 1000 pessoas. Aproximadamente 1 em cada 1000 pessoas.
Expectativas educacionais Terá dificuldades no programa escolar normal para uma educação adequada. Necessita maiores adaptações nos programas educacionais: foco em cuidar de si mesmo ou nas habilidades sociais; esforço limitado nas matérias tradicionais. Necessitará treinamento para cuidar de si mesmo (alimentação, vestuário, toalete).
Expectativas para a vida adulta Com treinamento, pode se adaptar produtivamente a nível qualificado ou não-qualificado. Pode se adaptar social e economicamente em oficinas especiais ou, em alguns casos, em tarefas rotineiras, sem supervisão. Sempre precisará de assistência.

Níveis de deficiência mental

De acordo com a definição estabelecida pela AAMR em 1983, poderíamos classificar as pessoas com deficiência mental dentro dos seguintes níveis baseados no Q.I. e considerando o comportamento adaptativo:

Deficiência Mental ligeira Q.I. entre 55 e 70
Deficiência Mental moderada Q.I. entre 40 e 54
Deficiência Mental grave Q.I. entre 25 e 39
Deficiência Mental profunda Q.I. inferior a 25

Atualmente, à luz da última definição da AAMR vê-se a Deficiência Mental não como uma condição pessoal implicando uma incompetência funcional e relacional, mas como um conjunto de limitações que condicionam a forma como o indivíduo se adapta ao meio social envolvente e às condições de vida que possui, com as suas limitações e as suas capacidades. Assim, faz mais sentido classificar não as pessoas mas os tipos e quantidade de apoios que a pessoa necessita para funcionar no dia a dia. De acordo com este pressuposto a AAMR apresenta os seguintes níveis de apoio:

*Intermitente (Apoio apenas quando necessário, episódico)
*Limitado (Apoio durante um período de tempo determinado, para realizar uma tarefa específica)
*Moderado (Apoio regular em alguns ambientes e sem prazo determinado)
*Difusivo (Apoio constante de alta intensidade, em vários ambientes, mais intrusivo que os anteriores)

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Características das crianças com deficiência mental

Em virtude do patrimônio genético herdado dos nossos progenitores e das várias experiências ambientais a que somos sujeitos em todos os momentos da nossa vida, nem mesmo os gêmeos mais parecidos podem pretender ser absolutamente iguais. Simplesmente não há duas pessoas iguais e as crianças com deficiência mental não fogem a este enunciado.

No conjunto dos indivíduos com deficiência mental existe uma grande variedade de capacidades, incapacidades, áreas fortes e necessidades. Há, no entanto quatro áreas em que as crianças com deficiência mental podem apresentar diferenças em relação aos outros. São elas as áreas motora, cognitiva, da comunicação e sócio educacional.

Área motora:

Geralmente as crianças com D.M. ligeira não apresentam diferenças em relação aos colegas da mesma idade sem necessidades educativas especiais, podendo por vezes ter alterações na motricidade fina.

Em casos com problemáticas mais severas as incapacidades motoras são mais acentuadas, nomeadamente na mobilidade: falta de equilíbrio, dificuldades de locomoção, de coordenação, dificuldades na manipulação.

Comparativamente aos seus colegas sem necessidades educativas especiais, as crianças com deficiência mental podem começar a andar um pouco mais tarde, geralmente são de estatura mais baixa e mais suscetíveis a doenças. Apresentam uma maior incidência de problemas neurológicos, de visão e audição (Kirk e Gallagher,1996).

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Como referenciar: "Iniciação matemática para portadores de deficiências mentais" em Só Matemática. Virtuous Tecnologia da Informação, 1998-2024. Consultado em 03/05/2024 às 19:36. Disponível na Internet em https://www.somatematica.com.br/artigos/a15/p4.php

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