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Matemática: o processo de ensino-aprendizagem - parte 5

1.4 A avaliação da aprendizagem

A avaliação escrita não deve ser o único instrumento para decidir sobre aprovação ou reprovação do aluno. O seu uso deve ser somente o de verificar a progressão cognitiva do aluno. A avaliação escolar também é contra-indicada para fazer um diagnóstico sobre a personalidade do aluno, pois sua abrangência limita-se aos objetivos do ensino do programa escolar e para fazer prognóstico de sucesso na vida. Contudo, o seu mau emprego pode expulsar o aluno da Escola, causar danos em seu autoconceito, impedir que ele tenha acesso a um conhecimento sistematizado e, portanto, restringir a partir daí suas oportunidades de participação social.

Assim, podemos perceber a profundidade com que deveria ser tratada a questão da avaliação pelas escolas e pelos mestres e mais até, pelas famílias, pilares que são do contexto social e modelo de organização da nação. Não é exagerado dizer que a boa formação cultural, bem como a melhoria não só nos níveis de ensino-aprendizagem, mas de toda a sociedade e os padrões de vida melhores buscados, passam pela efetiva e consequente aplicação de uma estrutura avaliativa adequada, que busque fomentar as condições de ensino, enquanto seja capaz de elevar o nível das propostas de ensino surgidas.

No conceito emitido por Sant'anna (1995, p. 7):

A avaliação escolar é o termômetro que permite avaliar o estado em que se encontram os elementos envolvidos no contexto. Ela tem um papel altamente significativo na educação, tanto que nos arriscamos a dizer que a avaliação é alma do processo educacional. (...) O que queremos é sugerir meios e modos de tornar a avaliação mais justa, mais digna e humana.

A avaliação, nas três últimas décadas, passou a ser discutida com maior intensidade, tendo sido objeto de muitos estudos, propostas de trabalho, preocupação dos sistemas de ensino e até mesmo de controvérsias.

Quando trabalhamos em uma perspectiva de construção de conhecimentos, devemos considerar que nossos alunos estão inseridos em um processo e, portanto, avaliar o processo significa coletar dados e elementos para conhecer o que eles já conseguiram construir e qual a raiz de suas dificuldades.

Assim, torna-se incoerente uma única avaliação de todo o processo, realizado ao final de determinadas etapas. Se assim o fizermos, estaremos considerando apenas o produto final para julgá-lo como “certo ou errado” e não procurando conhecer as dificuldades de nossos alunos para ajudá-los a superá-las. Sem esquecer que a avaliação também pode orientar nosso trabalho em sala de aula.

A avaliação deve ser contínua. Não precisa de um dia em especial, com uma arrumação especial na sala. Também não precisa ser sempre através de um mesmo tipo de instrumento (em geral a prova escrita). Devemos estar atentos às formas como nossos alunos estão respondendo aos desafios que apresentamos dia a dia. Assim é possível perceber o nível de compreensão dos nossos alunos sobre conteúdos trabalhados para intervir em seu auxilio e, nesse sentido, a avaliação é também diagnóstica ou investigadora.

Através das observações que fazemos dia-a-dia em sala de aula (que podem ser registradas em um caderno de anotações), podemos avaliar o uso que as crianças são capazes de fazer do seu conhecimento, como organizam esses conhecimentos em diferentes situações, quais os avanços e retrocessos que as crianças fazem na construção do conhecimento.

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É fundamental ver o aluno como um ser social e político sujeito do seu próprio desenvolvimento. O professor não precisa mudar suas técnicas, seus métodos de trabalho: precisa isto sim, ver o aluno como alguém capaz de estabelecer uma relação cognitiva e afetiva com o meio circundante, mantendo uma ação interativa capaz de uma transformação libertadora, que propicia uma vivência harmoniosa com a realidade pessoal e social que o envolve.

A avaliação que durante décadas foi um instrumento ameaçador e autoritário, ainda continua sendo um dos grandes nós da educação contemporânea, pois muitos professores, principalmente de matemática, a utilizam como sendo um instrumento excludente. Isso nos leva a repensar o papel da avaliação durante o processo educativo, que segundo Mere Abrsamowicz: “[...] é fundamental saber que o próprio docente pode adotar por conta própria modelos mais modernos de avaliar seus estudantes”, (Revista Fala Mestre, p. 23. ano 2004).

[...] Inútil tentar descrever o que não se viu, o que não foi trabalhado e nem motivo de reflexão. Assim, se o professor fizer apenas o registro das notas dos alunos nos trabalhos, ele não saberá descrever, após um tempo, quais foram às dificuldades que cada aluno apresentou, o que ele fez para auxiliá-lo a compreender aquele aspecto. Da mesma forma, o professor que só faz anotações dos alunos em termos de sua conduta, não poderá descrever outros aspectos do seu desenvolvimento. Registros significativos são construídos pelo professor ao longo do processo. Sua forma final é apenas uma síntese do que vem ocorrendo, uma representação do vivido , HOFFMAN (Revista Fala Mestre, p. 118, 2004).

O atual sistema de verificação de aprendizagem permite que indivíduos inseguros e despreparados sejam aprovados e possam, no futuro, trazer riscos e prejuízos não só para si próprios como para terceiros. Em certos casos, esses riscos e prejuízos podem envolver a vida de alguém. E esse perigo advém do hábito de atribuir notas que provam ou reprovam o aluno, em função da quantidade maior dos acertos do que dos erros cometidos em exames. Os absurdos são tantos, que o sistema permite considerar apto, quem sabe apenas a metade do conteúdo apresentado nas provas, sem considerar se essa metade corresponde ao que realmente é fundamental que o aluno aprenda. Podemos citar como exemplo o provão do MEC para o Ensino Fundamental e Médio.

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Como referenciar: "Matemática: o processo de ensino-aprendizagem" em Só Matemática. Virtuous Tecnologia da Informação, 1998-2024. Consultado em 24/04/2024 às 23:20. Disponível na Internet em https://www.somatematica.com.br/artigos/a32/p5.php

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