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Matemática: o processo de ensino-aprendizagem - parte 4

1.2 A Ideologia de Richelieu: só os inteligentes aprendem Matemática

Nossa sociedade sempre se organizou por formação de classes sociais (estratificação). Os processos sociais nela existentes levam hoje (como no passado) a formação de camadas hierárquicas. A aceitação e a justificativa para a existência dessa estratificação parecem estar instaladas na mente humana. A causa disso é o medo às pessoas. Medo que é disfarçado de várias maneiras e isso acontece na escola e na sociedade.

É importante considerar que além do medo que sentem às pessoas, há uma ideologia por trás dessas hierarquizações. É uma ideologia que convence as vitimas a aceitarem os resultados de sua ação, segundo ela: “um estado seria monstruoso se todos os seus indivíduos fossem sábios”, (Lima, fasc. 1 p. 50). Essa ideologia tem bases emocionais que podem ser facilmente reconhecidas e dão indicativos da sua falácia; está na base toda a rejeição sofrida pelos alunos, de toda exclusão (denominada seleção) e de toda interrupção de estudos.

Dessa forma, para a escola tradicional, é difícil aceitar estas consequências e, principalmente, que elas advêm de seu posicionamento quanto à hierarquização, as ideologias e as imposições. A razão é que as consequências só vão aparecer no futuro, quando os alunos já não estão sob a vigilância da escola.

O ensino da Matemática mais difundido hoje em dia padece desse defeito: começa pelo fim na organização da tarefa, ou seja, já vem realizada por outro, não pelo aprendiz. A Matemática vem sendo usada nos dias atuais, como disciplina que se esgota em ensinar os conceitos dos números, das formas, das relações, das medidas e das interferências, sendo que suas características exigem rigor e exatidão. Por ela ser totalmente interdependente, não se esgota em ensinar um currículo matemático obsoleto, que não interessa ao aluno e está bem longe de nossa realidade sócio-cultural.

As críticas a cerca dos resultados quanto ao ensino da Matemática, buscam atividades que não só eduquem, mas que trabalhem na formação social do individuo. Isso apenas é possível quando o aprendizado está voltado à realidade vivenciada pelo aluno, e este seja percebido nas aulas pelo professor de matemática. O ambiente só influencia em seu aprendizado, ou seja, o professor deve aceitar essas influências, mudando seu posicionamento em relação ao aluno.

Tem que haver uma compreensão maior por parte da escola e dos professores de como apresentar os conteúdos matemáticos, para que os alunos aprendam e gostem da Matemática. O professor deve usar formas que consistam em: abstrair, entender, compreender sem modelo de conhecimento, um dado de informação, transformando-o de modo próprio e pessoal para incorporá-lo e assimilá-lo sinteticamente: aprender, apreender, entender, compreender para apossar-se, transformar e incorporar.

1.3 A aprendizagem matemática por caminhos lúdicos

A aprendizagem de conteúdos matemáticos por caminhos lúdicos está pautada na visão arquimediana do ensino da matemática. Ela nos sugere que o professor deve atuar durante o processo de ensino-aprendizagem exercendo a função de facilitador do processo, ou seja, agindo como mediador entre aluno e a construção do conhecimento matemático, estimulando ideias matemáticas para que o aluno consiga estabelecer relações com a realidade que ele vivencia.

O professor deve realizar atividades com os alunos que os vislumbre, em seguida, partir para a matematização levantando questionamentos, finalizando com o registro do que o aluno aprendeu, uma forma de teoria. Este é o caminho arquimediano segundo a proposta AME – Atividades Matemáticos que Educam. (p. 126, Fascículo 1, 2003)

Para o professor deflagrar ideias na cabeça do aluno, ele precisa apresentar situações–problemas instigantes, levantar questionamentos que induzam o aluno a pensar. Nunca dando a resposta, sempre dialogando até que ele mesmo consiga estabelecer relação (pingue-pongue), sempre ouvindo o que o aluno tem a acrescentar sobre o assunto, sem criticá-lo ou ridicularizá-lo.

No fascículo 1, capítulo 6, foi possível observar diferentes sugestões segundo a proposta AME. Através dessas propostas de um caminho arquimediano é possível vencermos todas as dificuldades que o ensino de Matemática apresenta. Uma das soluções é trabalhar com simuladores da Matemática em vários níveis, pois quando há interação, as estruturas cognitivas da criança se ativam e, então, vislumbram e geram estruturas de maior valia.

Os simuladores podem ter várias funções como: facilitar as atividades corporais, obter informações a partir de manipulações, fazer registros a partir de manipulações e permitir a ampliação do conhecimento.É muito importante observar que, com esse tipo de trabalho, o conhecimento não é dado pelo professor para o aluno, mas é sim, puxado de dentro do aluno.

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Como referenciar: "Matemática: o processo de ensino-aprendizagem" em Só Matemática. Virtuous Tecnologia da Informação, 1998-2024. Consultado em 26/04/2024 às 21:29. Disponível na Internet em https://www.somatematica.com.br/artigos/a32/p4.php

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